há uns anos atrás, lembro-me de ficar a brincar de vestal domesticada, acender lumes dominicais que serviam para a preparação de infusões, sempre tomadas cerimoniosamente, com gestos cuidados e solenes que inventava com o propósito de sacralizar a passagem. durante esses domingos, abrigados pelo sempre presente rumor do mar, lia como uma sonâmbula, deitada no chão, por entre almofadas, como uma otomana reminiscente. o meu cão dormia ao lado, respeitador dos grandes segredos.
foi nesses domingos sonâmbulos que li a correspondência de durrel e henry miller e o quarteto de alexandria. todos os primeiros domingos de cada mês, havia uma feira de usados tão perto da casa minúscula onde vivia, que era como se a feira fosse o meu quintal. dessa feira trouxe muita matéria dominical.
de uma das vezes, encontrei speak, memory de nabokov, na outra margem da memória, tradução portuguesa da difel. tal como muitos dos outros livros comprados assim, podemos ser surpreendidos pelos indícios de quem já os possuiu - e tenho quase a certeza de já ter lido, ou visto em algum filme, um coleccionador de dedicatórias amorosas em livros de alfarrabista.
neste nabokov, encontrei uma cinta de avença do secretariado diocesano da pastoral juvenil (diocese de portalegre e castelo branco, rua actor taborda, 90), dirigido a um grupo de jovens do crato.
talvez servindo como marcador de página, uma imagem de santa ana, uma daquelas imagens que a minha avó chama «santinhos» e servem aos fins mais portáteis da fé.
de nabokov, soube-se muito recentemente que será publicado, em 2009, uma obra póstuma, deixada inacabada e que o próprio teria ordenado que fosse destruída. a mulher não foi capaz de o fazer e a obra, depositada numa caixa-forte convenientemente helvética, passou para as mãos e decisão do filho de nabokov que, recentemente, anunciou a intenção de publicá-la. em 2009. uma vez mais, a polémica imprimatur est/non est das obras póstumas.
carregando na imagem, a explicação made in bbc:
foi nesses domingos sonâmbulos que li a correspondência de durrel e henry miller e o quarteto de alexandria. todos os primeiros domingos de cada mês, havia uma feira de usados tão perto da casa minúscula onde vivia, que era como se a feira fosse o meu quintal. dessa feira trouxe muita matéria dominical.
de uma das vezes, encontrei speak, memory de nabokov, na outra margem da memória, tradução portuguesa da difel. tal como muitos dos outros livros comprados assim, podemos ser surpreendidos pelos indícios de quem já os possuiu - e tenho quase a certeza de já ter lido, ou visto em algum filme, um coleccionador de dedicatórias amorosas em livros de alfarrabista.
neste nabokov, encontrei uma cinta de avença do secretariado diocesano da pastoral juvenil (diocese de portalegre e castelo branco, rua actor taborda, 90), dirigido a um grupo de jovens do crato.
talvez servindo como marcador de página, uma imagem de santa ana, uma daquelas imagens que a minha avó chama «santinhos» e servem aos fins mais portáteis da fé.
de nabokov, soube-se muito recentemente que será publicado, em 2009, uma obra póstuma, deixada inacabada e que o próprio teria ordenado que fosse destruída. a mulher não foi capaz de o fazer e a obra, depositada numa caixa-forte convenientemente helvética, passou para as mãos e decisão do filho de nabokov que, recentemente, anunciou a intenção de publicá-la. em 2009. uma vez mais, a polémica imprimatur est/non est das obras póstumas.
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