segunda-feira, junho 30

o voltaire do nilo

no passado dia 22 de junho, morreu em paris albert cossery. o escritor egípcio tinha 94 anos e faleceu no quarto de hotel que ocupava desde 1945, o mesmo ano que chegou a paris.
ao longo de cinquenta anos publicou oito romances, com o egipto como cenário e os mendigos, vagabundos e todos os errantes como personagens de eleição. bartleby é que me levou a cossery.
a morte do autor interceptou a leitura que faço de «a casa da morte certa».
o meu a páginas tantas assinala 57:

Estamos prestes a ser enterrados vivos - disse Soliman El Abit - e tu, ó homem, só pensas nos clientes. Onde tens o espírito?
- Conheço um homem - disse Bayoumi - que foi enterrado vivo. Aprendeu muitas coisas.
Falava com uma voz profunda e marcada de maleficência; a voz de um homem habituado a falar com os animais.
- E o que é qu aprendeu, esse homem? - perguntou Soliman El Abit, muito intrigado com esta história.
- Aprendeu a calar-se - respoindeu Bayoumi.

A Casa da Morte Certa, Albert Cossery, ed. Antígona

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