estou sentada a fazer letras e tempo
enquanto penso no álvaro de campos
e na pulsão erótica que me suscita.
a mim também me querem
quotidiana e fútil e tributável.
mas ao que dizem os indícios perdi
num dia manco toda a minha lucidez.
é isto que apreendo:
factos, horários e tributações.
a minha alma está em estado burocrático
e as lentes são escassas para tanta miopia.
a existência, afinal, não pode ser graduável:
os seus desvios, inclinações e meteorologias.
com quantas leis farei uma mentira?
estou parada há muitos anos
a olhar para mim
mas o que mais sinto é velocidade.
pairo sobre a relatividade do tempo
e sou cuspida, constantemente, para cima de mim.
sou sempre muito depois. dissocio-me. estrangeiro-me.
onde bastará para me bastar?
não conheço medidas, toda eu sou tamanho.
sei, no entanto, que nunca bastei de me bastar.
tenho tamanho a menos para tanto de mim
e quem me percorre é veloz,
para trás ficam apenas
restos mortais e alguma ferrugem.
enquanto penso no álvaro de campos
e na pulsão erótica que me suscita.
a mim também me querem
quotidiana e fútil e tributável.
mas ao que dizem os indícios perdi
num dia manco toda a minha lucidez.
é isto que apreendo:
factos, horários e tributações.
a minha alma está em estado burocrático
e as lentes são escassas para tanta miopia.
a existência, afinal, não pode ser graduável:
os seus desvios, inclinações e meteorologias.
com quantas leis farei uma mentira?
estou parada há muitos anos
a olhar para mim
mas o que mais sinto é velocidade.
pairo sobre a relatividade do tempo
e sou cuspida, constantemente, para cima de mim.
sou sempre muito depois. dissocio-me. estrangeiro-me.
onde bastará para me bastar?
não conheço medidas, toda eu sou tamanho.
sei, no entanto, que nunca bastei de me bastar.
tenho tamanho a menos para tanto de mim
e quem me percorre é veloz,
para trás ficam apenas
restos mortais e alguma ferrugem.
1 comentário:
gostei muito :-)
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