o que havia de te dizer naquele instante, tão ínfimo instante,
desdobrado sobre a infame razão do amor.
ah, o amor, quem diria. o amor,
a guerra, tudo o que servisse para adiar a morte.
eras tu a mais imperfeita razão para ficar numa trincheira
a aguardar capitulação.
tudo em ti era feito de espera e de explosões.
e eu à escuta, à espreita,
a deter-me na passagem do tempo,
surpeendida com o vidro
que arranha e corta
ou com o hibisco que sonha também contigo
durante a noite.
ossos, primeiro ossos,
depois sangue e alguma carne.
a função espiritual dos meus olhos:
ver-te era o princípio e o fim e a razão de estar vencida.
ossos, primeiro ossos, depois um coração para oferecer às balas
e dois pulmões a guardar o teu mais recôndito cheiro.
matéria composta para o amor e para a guerra:
o corpo como a primeira pessoa do discurso direto.
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