alexandra monteiro, pecaminosa, culpada de infracções várias a todos os códigos penais, existenciais, retóricos e literários, tem preferido sempre os artefactos aos factos, os tributos às tributações.

míope por convicção, caótica por atribuição divina, alexandra monteiro, herdeira do neo-platonismo e de uma edição rara de o conde de monte-cristo, alterna a literatura do século XVIII com a cosmovisão televisiva, wittgenstein com o catálogo do ikea.

alexandra será morta, mas não rainha, muito menos mísera ou mesquinha. alexandra monteiro prefere o bom- gosto ao bom- senso e padece de graves hesitações relativamente ao uso do hífen.

conhece-se-lhe o gosto por mancebos, remingtons e camilo castelo branco. acredita na transmigração da alma e em serviços de chá para 12. a sua maior destreza consiste em pulular entre escribas, escreventes e escritores.

alexandra monteiro é autora de tratados de estética para guindastes.

estudou o ciclo de calvin e é conhecedora dos processos fotossintéticos. aprendeu ponto cruz, crochet e boas-maneiras. cita montaigne com o indicador em riste e nunca revelou problemas de insónia ou exsónia.

alexandra monteiro teve orgias de latim e foi amante de muitos homens, e até mulheres, constantes de variados catálogos bibliográficos.

alexandra monteiro é uma obra aberta, um estado de sítio. alexandra monteiro é uma anti-jocasta, nunca um anti-édipo.

atípica, atópica e sem clube, religião ou filosofia, alexandra monteiro voga por reuniões tupperware, pelo trascendentalismo, as consolações filosóficas e gastronómicas.

conta prever e prevenir o dia da sua morte.